segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O Pressing ou jogo dominante – 1ª parte

Diversos autores afirmam que o “pressing” ou marcação de pressão (como preferem alguns autores e treinadores brasileiros), surgiu na Holanda em meados dos anos 60 do seculo XX, por influencia de Rinus Michels (técnico do Ajax de Amsterdã e da seleção holandesa) tidos por muitos como o “pai” do Futebol Total. O Futebol Total foi a sistematização do jogo de futebol que ficou conhecida mundialmente como carrossel holandês, cujo evento no qual se deu sua maior visualização foi a Copa do Mundo de 1974. Quando atribuo a este evento especifico a sua maior visualização, o faço porque pelo menos três anos antes esta sistematização (ou melhor, dizendo padrão de jogo), através do Ajax vinha dominando o futebol europeu (três Copas dos Campeões consecutivas, de 1971 a 1973), mas a velocidade de transmissão das informações na época só possibilitou sua “descoberta” no Mundial de 1974. A meu ver o grande feito de Michels foi trazer para o jogo formal, a característica defensiva do futebol jogado nas ruas, tão comum antigamente e atualmente em vias de extinção. No futebol de rua normalmente as equipes atacam continuamente não há o recuo para que o adversário jogue (ou possa jogar), o referencial do jogo (ou se preferir objeto de disputa) a bola está em constante movimento, mudando de “dono” a cada lance (ainda que momentaneamente) a cada disputa. As crianças não guardam posições não obedecem a esquemas ou padrões de jogo, apenas correm atrás do seu objeto de desejo no ambiente lúdico do futebol de rua. Mas inconscientemente durante o jogo na rua, eles têm comportamentos “táticos” definidos em comum acordo entre os membros do “time”. O mais hábil tecnicamente fica responsável fica responsável por criar/armar as jogadas ofensivas, mas tendo tanta responsabilidade defensiva (ou marcar como preferem alguns técnicos) quanto os demais. Aqueles de técnica “mediana”[i] também participam ativamente dos processos de disputa (posse/perda/recuperação) não se excluindo as ações de armação/criação. Transportando para a seleção holandesa de 1974, o mais hábil era o camisa 14, Johan Cruyjff e as demais peças da equipe seriam os nossos “medianos”. Retornando ao futebol de rua podemos claramente perceber os elementos do “pressing” se analisarmos a vivência lúdica das crianças. Ao correr em massa buscando obter a posse da bola elas exercem a pressão zonal, ainda que inconscientemente. O portador da bola, por melhor que ele seja tecnicamente vê o espaço disponível para uma ação de desmacação, drasticamente reduzido e suas possibilidades de interação com os membros da sua equipe (time) igualmente reduzidas. Na próxima postagem discutiremos o pressing no futsal e começaremos a analisar suas possibilidades/técnicas de ensino. [i] Por técnica mediana entenda-se, o jogador não ser um virtuose e não um jogador de baixa qualidade técnica.